Linguagem Hipnótica: a arte de usar as palavras para criar novas realidades

A linguagem hipnótica é a arte de usar as palavras para criar novas realidades. Ela se baseia na noção de que a palavra tem poder de alterar a percepção da realidade, tanto negativa quanto positivamente.

Linguagem hipnótica: o uso sábio das palavras

O conceito de Linguagem Hipnótica tem início nos trabalhos de Milton Erickson, tendo sido aperfeiçoado ao longo das últimas décadas. Em resumo, é a arte de usar palavras para criar novas realidades. Mas afinal, como isso é possível?

Napoleon Hill uma vez disse “pense duas vezes antes de falar, porque suas palavras e influência podem plantar uma semente de sucesso ou fracasso na mente de outra pessoa”.

Conceitualmente, a linguagem é o uso das palavras para refletir um sentimento ou um pensamento. Dessa forma, o uso de certas palavras reflete a percepção do mundo que um indivíduo tem, e tal percepção se reflete na forma como ele se comunica.

Tendo isso em mente, fica fácil compreender o que Napoleon Hill quis dizer. Afinal, o uso de certas palavras pode afetar o jeito como a realidade é percebida. Além disso, suas palavras podem se tornar uma ideia na mente de outras pessoas.

Quantas vezes já ocorreu de ouvir certas palavras negativas e se tornar, também, negativo? Esse é o perigo de usar as palavras sem pensar duas vezes. Contudo, o oposto também é verdadeiro, palavras positivas também produzem efeito. É nisso, portanto, que a linguagem hipnótica se baseia.

A arte de criar novas realidades

A linguagem hipnótica torna possível, apenas utilizando determinadas palavras, modificar seu estado de espírito, seu comportamento e sua percepção da realidade. Como será que isso funciona na prática?

Muitas vezes, sem perceber, as pessoas tendem a colocar nos outros e em si mesmas o peso de suas palavras. Críticas, reclamações, inseguranças, medos e pessimismos. Dessa forma, o mundo à sua volta parece escuro, perigoso e opressor.

Quem já leu o famoso livro “Poliana” de Eleanor Porter sabe o poder das palavras. A protagonista do livro era órfã, pobre e, em muitos momentos, passou por acasos que muitos chamariam de azar. Contudo, ela aprendeu a usar o “jogo do contente” e procurava extrair sempre algo positivo do que vivia.

Os objetivos terapêuticos da linguagem hipnótica

A linguagem hipnótica se resume ao uso de palavras ou expressões que, de maneira disfarçada, alteram o espírito e a mente de quem fala e de quem ouve. Por isso, se denominam como “comandos embutidos”. Seus principais objetivos são: 

  • Conduzir a um estado alterado de consciência; 
  • Distrair a mente consciente;  
  • Acessar recursos inconscientes.

Em resumo, sua proposta é a de acrescentar, substituir ou eliminar certas expressões do vocabulário. Assim, a pessoa consegue dar comandos mais úteis a si mesma. Além disso, consegue ser responsável no uso das palavras ao se comunicar com as outras pessoas.

Como usar a linguagem hipnótica na prática

Muitas palavras que são usadas no dia a dia guardam uma conotação negativa. Sem que a pessoa perceba, ela se sabota simplesmente por usar expressões que implicam no seu fracasso. Além disso, espalha negatividade para as pessoas à sua volta. 

linguagem hipnótica - desenho de pessoa falando

Tentar

Tentar é o comando embutido do fracasso, pois já sugere a falha. Quem tenta tende a não conseguir, pois está aceitando o fracasso ao admitir que vai tentar. Se você convida alguém para um evento, e a resposta é “vou tentar”, você já pressupõe que a chance do sujeito ir é mínima. 

Considere a sinuca, um jogo que depende da habilidade dos jogadores. Quando você sugere que será difícil colocar uma bola na caçapa, e fala para o oponente tentar, você está dando comando que ela irá fracassar. Ou seja, está sabotando seu colega.

Ao afirmar que tentará acordar mais cedo para caminhar, você já está dizendo que não o fará. Se realmente fosse fazê-lo, diria “vou acordar mais cedo”, e ponto final. Dessa forma, a palavra “tentar” deve ser completamente eliminada para lidar consigo mesmo e com os outros.

Não

Não pense em um elefante branco na sua sala. 

Ao ler a frase anterior, você pensava em cobras? A verdade é que você pensava em um elefante branco na sua sala, porque foi dado um comando para isso. A negativa funciona como um gatilho, sugerindo que o sujeito faça exatamente o inverso. 

Placas como “não fume” disparam um gatilho no fumante, que já começa a se imaginar fumando. Talvez acenda um cigarro por conta disso. Isso porque o cérebro remove automaticamente o “não” e processa o resto. Portanto, é melhor usar afirmações.

Conclusão

Usar a linguagem hipnótica é saber escolher as palavras de forma sábia. Isso porque se baseia na noção de que as expressões usadas no dia a dia tem poder de influenciar a percepção da realidade, o estado de espírito e o comportamento de alguém.

Seus objetivos são semelhantes aos da hipnose, mas focam no poder da linguagem. Assim, buscam acrescentar, substituir ou eliminar certos vocábulos para melhor aproveitamento. Por exemplo, palavras como “tentar” e “não” oferecem mais negatividade do que ajuda, e devem ser substituídas por afirmações.